Como um ossário clandestino foi utilizado para esconder mais de mil vítimas da ditadura
Este livro narra em detalhes a descoberta da vala de Perus, trinta anos atrás. E também os cinquenta anos compreendidos entre a construção do Cemitério Dom Bos co, em 1970, e a recente retomada das análises das ossadas em busca de identificação.
Caco Barcellos
A vala de Perus simboliza um grito de vida e de luta, que nos mostra que não viramos a página da História de um Estado de horrores, violento e omisso. Ali foram abandonados restos mortais de pessoas que tinham rosto, tinham vida, afetos, desafetos e uma história.
Amelinha Teles
Em 1990, o Brasil já estava sob a presidência do seu primeiro governo civil eleito após mais de duas décadas de Ditadura Militar. O presidente do país era um civil, mas representava muitas da forças que participaram ativamente do período de arbítrio. Assim seguia a “transição democrática”, e grande parte do passado de violência e crimes dos agentes da ditad ura permanecia escondido.
Foi neste ano, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, que uma das mais importantes revelações sobre a política de perseguição, extermínio e ocultação de cadáveres pela ditadura veio à tona. Uma vala coletiva foi loc alizada no cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, na região noroeste da capital paulista.
A existência da vala clandestina, sem qualquer indicação no mapa do cemitério e nos registros da prefeitura, era um dos grandes segredos da ditadura. Ali f oram encontrados mais de mil sacos com ossadas de militantes políticos perseguidos pelo DOI-Codi, a terrível força paramilitar organizada pelo Estado brasileiro para perseguir opositores, e de indivíduos enterrados como indigentes, muitos deles vítim as da ação violenta de policiais e de grupos de extermínio.
A descoberta da vala abria a perspectiva de localizar corpos de pessoas desaparecidas, ali enterradas de forma inapropriada, sem a menor preocupação de informar familiares e/ou amigos da morte. Esse trabalho, fundamental para garantir os direitos dos mortos e de seus familiares, no entanto, foi iniciado nos anos 1990, interrompido pouco depois e apenas recentemente foi retomado, por uma equipe de pesquisadores da Unifesp, depois de m uitos anos em que a busca da verdade esbarrou em uma resistência do aparelho de Estado. Durante esses anos todos, foram identificados apenas cinco mortos enterrados ilegalmente na vala.
Recontar a história dessa vala, construída em meados dos anos
Código: |
9786586081817 |
EAN: |
9786586081817 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
2,00 |
Especificação |
Autor |
Camilo, Vannuchi |
Editora |
ALAMEDA |
Ano Edição |
2020 |
Número Edição |
1 |