Os negros inventaram sua própria narrativa histórica avessa à modernidade hegemônica. Reside aí, sua experiência histórica inédita e particular. Forjada desde arte do corpo, religião, música, dança, teatro, imprensa, cinema, literatura e artes plásti cas. Foi com a arte que uma política negra irrompeu uma poderosa maneira de reimaginar o mundo. Seus atores criativos, leia-se, os artistas, se inserem, naquilo que parecer ser o modo como os povos colonizados “que irrompem na contemporaneidade neces sitam construir sua modernidade à força, e cabe às artes em geral... a função essencial na propulsão do imaginário utópico de suas coletividades”. As artes negras e em particular a música, se transformaram no texto mais poderoso de afirmação de memór ia, autorepresentação e narrativas históricas. Os textos aqui dispostos neste livro abordam expressões musicais no circuito África/Caribe/Brasil. Paul Gilroy evidenciou como o navio foi o meio de comunicação e interlocução entre os africanos que vive ram o trânsito e o tráfico escravista no primeiro fluxo da diáspora, entre os séculos XVI e XIX. Por um lado, sua memória guarda uma experiência traumática de destruição e morte, por outro, paradoxalmente, possibilitou o renascimento e a reinvenção d as Áfricas no circuito Atlântico. Se, ontem, o navio serviu como elo de comunicação, o disco, no contexto da cultura de massa, se transformou em outro meio de diálogo entre as diásporas negras das Américas. Com o disco os músicos puderam preservar va lores, saberes e fazeres refazer memórias recompor projetos. Através dele, uma rede multidirecional e giratória de informações rítmicas, melódicas, culturais e políticas se constituiu no mundo contemporâneo.
Código: |
9786559660193 |
EAN: |
9786559660193 |
Peso (kg): |
1,000 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
1,00 |
Especificação |
Autor |
Magno, Azevedo |
Editora |
ALAMEDA |
Ano Edição |
2021 |
Número Edição |
1 |