Em sua obra Racismo e liberdade, o professor Rogério da Palma demonstra como um processo de ruptura macroinstitucional (o fim da escravidão e consequente processo de construção da cidadania negra) teve impacto nas relações interpessoais. Através dess as últimas, fazendeiros brancos, por exemplo, conseguiram restabelecer formas de dependência e controle, mantendo a desigualdade como princípio orientador das interações com negros e negras. Afinal, a intimidade, longe de mitigar a sujeição, pode, ao contrário, reconstruí-la em outros níveis.
Não há como pensar a construção e a contestação da liberdade negra, no pós-abolição, sem levar em conta a remodelação do racismo estrutural após o fim da escravidão. Somente é possível entender o process o de construção da (sub)cidadania negra constatando que ele se estabelece por meio de uma disputa (desigual, tensa e difusa), na qual há, por uma lado, a tentativa de manutenção das hierarquias raciais como elemento estruturante da sociedade (o racis mo) e, por outro lado, as lutas por afirmação da liberdade negra.
O pós-abolição pode ser conceituado como um momento histórico em que lugares e hierarquias sociais construídos durante séculos se desmancham. Ao trazer a promessa de liberdade para o antigo cativo, a abolição estabeleceu novas bases de negociação e, consequentemente, potencializou determinados tipos de conflitos. Enquanto alguns tentavam manter, mesmo que sob outros termos, as antigas assimetrias sociais, os ex-escravos buscava m afirmar seu novo estatuto jurídico-social de cidadão.
Código: |
9786559660339 |
EAN: |
9786559660339 |
Peso (kg): |
1,000 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
2,00 |
Especificação |
Autor |
Da, Palma |
Editora |
ALAMEDA |
Ano Edição |
2021 |
Número Edição |
1 |