VÉUS DE ALETHEA

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A poesia desde suas origens é um diálogo com as forças da natureza que se interiorizam como máscaras de deuses e deusas e os/as poetas, antigamente chamados de xamãs, retiram de si longos fios verticais que atravessam o tempo e servem para cos turar as máscaras na face gloriosa e indiferente, extasiante e espantosa da Natureza. Fazendo de suas vidas longos bordados que cantam os deuses e deusas da antiguidade e unem os tempos antigos aos atuais, cada poema deste livro é um pequeno traçado destes fios. Vê-se o esforço do afeto da poeta nesta direção e não é um esforço em vão.



Marcelo Ariel

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Daniela Pace Devisate, poeta e artista visual, desenvolve uma poética da brevidade, com delicada imagética, fluência melódica e sabor oriental, que revela suas leitores de poetas como o japonês Matsuo Bashô e do persa Omar Kahayyam, bem como dos líricos gregos, Safo, Alceu e outros vates helênicos que cantaram a beleza e a fugacidade do amor e dos fenômenos da natureza, por v ezes com leve toque de humor. Daniela cria imagens inusitadas de sabor persa ou de fragmento pré-socrático, em que apresenta uma deliberada ambiguidade entre o amor erótico e o amor espiritual – tema recorrente entre os autores sufis, como Rumi e Att ar, e que nos faz pensar também nos mistérios órficos, na celebração da vida, paixão, morte e ressurreição de Dioniso. É uma das vozes mais originais e consistentes da novíssima poesia brasileira. Merece ser lida com atenção.

Cláudio Daniel