Há um jeito Carlos Eduardo Pereira de fazer poemas, e ele se define pela tensão entre duas vertentes: a de um cartesiano lírico com a de um poeta metafísico, amigo das reflexões filosóficas. O que está em jogo é uma espécie de poesia-ensaio, aberta e ventualmente para poemas só líricos ou só reflexivos, mais próximos da prosa. Tudo porque um poema pode ser um minério, e um minério – que nunca mente – aceita tanto a exatidão da física quanto os voos da filosofia. Nessa perspectiva, Perpétuo neófit o propõe uma quase conversa (“o danado do quase”) para falar de alguns lances biográficos, vividos ou inventados – daí o predomínio de versos na primeira pessoa. O poeta recebe estímulos dessas duas vertentes: o pôr do sol que se reflete nos edifício s de vidro, a escadaria do Forte de Setúbal, os passarinhos ausentes da tarde, a conversa com a filha ao telefone, “a escuridão densa do carvalho”. A ironia irresistível dos “pífios epitáfios”. E, também, Trawinski listando as aplicações dos hidrocic lones. O silicato, perfeito como a morte. Falando de si, o poeta fala de nós. Ele chegou a um ponto da vida em que viu demais, viveu demais, e se encontra, agora, diante de um sentimento de inadequação, de incompletude, de desconcerto, frente a frent e com as dores e delícias, com os dilemas e desafios que o estar-no-mundo impõe ao “velho menino”, no tempo da elegância e da delicadeza. Fabrício Marques
| Código: |
9786583951007 |
| EAN: |
9786583951007 |
| Peso (kg): |
0,000 |
| Altura (cm): |
14,00 |
| Largura (cm): |
21,00 |
| Espessura (cm): |
1,00 |
| Especificação |
| Autor |
Pereira, Eduardo |
| Editora |
CRIVO |
| Ano Edição |
2024 |
| Número Edição |
1 |