Neste "Poeira e Escuridão", onze contos, onze cantos, onze retratos que se costuram entre o telúrico e a dureza urbana, a revelar o dia que escorre em poesia de amor e dor, de lembrança, cenas do agora, que logo se tornam cacos na massa infame que no s cerca e que logo adiante se recosturam e ganham forma. Onze contos, onze cantos do homem e da paisagem que não pode deixar de existir, porque, como diz Fábio Lucas, homem sem paisagem é absurdo tão grande quanto realidade sem espaço. (Siga lendo o texto que Luís Avelima escreveu nas orelhas do livro)
Há em João Batista de Andrade – e não pode fugir disso – uma linguagem cinematográfica que funciona como uma analogia adequada entre a percepção da palavra falada – antes que escrita – da poesi a e da instantaneidade vivencial da complexa e multidimensional imagem na tela. Sua literatura é cinema e o cinema que faz é literatura: “minha imaginação febril atira cristais, uns após os outros, eu tenho muitas mãos, como doida máquina de atirar s ilêncios e luzes, trançar seus brilhos fugidios, explodir de alegria e festa para os aplausos de alguma multidão inexistente” (“Investigando o Caos”).
A cidade, a grande cidade, o dia a dia estampado nos olhos-lentes e na caneta de João Batista, as mazelas estampadas nas janelas do tempo, emolduradas de vazio, de um vazio sempre maior do que a vida, do que o próprio olhar como dos desavisados que passam e morrem na angustiada agitação urbana a memória rural, o sonho, “a vida carregada de pe rguntas”, as noites inchadas de todas as noites, de todos os medos, os olhares das fechaduras que rabiscam a vida dos que passam num tempo de sovinice e esmolas.
Mas há também o dia que raia esperançoso, colorindo essas mesmas janelas de tempo, d e passagens antológicas, de contos que podem figurar nas melhores coletâneas de grandes talentos da literatura, retratos do tempo que gira, do mundo de que é feito o cinema, a pintura, a literatura, marcas do nada e do tudo, de personagens que pensam e existem, existem e pensam num exercício de trânsito na vida: a infância adulta, aquela que não teve condições de brincar, a vida carregada de perguntas, a dúvida da existência, os anos duros da Ditadura, o mundo intrincado da política, o desencant o, o mundo onde o tempo é pouco demais.
João Batista de Andrade segue marcando sua trajetória no mundo da literatura e firma-se a cada novo livro. Poeira e Escuridão é exemplo disso. Nos diz que a literatura é a loucura que pode salvar o mundo. (
| Código: |
9788561123185 |
| EAN: |
9788561123185 |
| Peso (kg): |
0,000 |
| Altura (cm): |
21,00 |
| Largura (cm): |
14,00 |
| Espessura (cm): |
1,00 |
| Especificação |
| Autor |
De, Andrade |
| Editora |
LETRA SELVAGEM |
| Ano Edição |
2015 |
| Número Edição |
1 |