O Suicida Feliz

O suicida feliz é um daqueles romances que não se conseguem parar de ler. Li-o de um fôlego e, durante essas horas ininterruptas, ri-me, comovi-me, refleti e aprendi. É exatamente isso o que eu peço a um romance: que me transporte para um outro mundo e que, simultaneamente, me ofereça novos dados para entender o meu mundo. A força deste romance nasce da vulnerabilidade das suas personagens: todas elas são contraditórias, tecidas de luz e sombra, capazes do melhor e do pior ? como cada um de nós. O autor vai desenhando, de forma exata, exaustiva, num tom simultaneamente terno e cáustico, cada uma das cambiantes destas personalidades. Paulo Nogueira é um mestre na arte do pormenor. Para além disso, conseguiu tecer um enredo original, de grand e atualidade e recheado de peripécias. Em todos os seus romances, Paulo alia ação e reflexão ? mas é sem dúvida em O suicida feliz que estas duas estradas se cruzam com maior perfeição. Aqui disserta sobre o mundo do espetáculo e o mundo dos espectad ores. E também sobre o mundo do trabalho intelectual versus o mundo do trabalho manual. Ou o mundo do cinismo em oposição ao mundo da fé. Se tivesse que explicar, em duas penadas, como escreve Paulo Nogueira, diria que se trata de um John Updike port uguês, capaz de nos dar a ver a obscura grandeza das pessoas normais.