Este livro aparece para o público brasileiro (e também para leitores estrangeiros de Machado de Assis) como um formidável desmentido. As ideias feitas e os lugares-comuns que boa parte da crítica estabeleceu sobre o grande escritor escorrem pelo ralo e terão a partir de agora de ser abandonados. A novidade é consistente e de fato nova.
A qualificada pesquisa das fontes tem esse mérito especial. Desmentir o estabelecido e fixado, abrindo caminho para revisão daquilo que muitos repetem sem se d ar ao trabalho de investigar as “verdades” que autoridades nem sempre suficientemente atentas firmaram como tal.
O resultado da pesquisa que este livro põe ao alcance do leitor revela um Machado de Assis inesperado, muito diferente do autor de not áveis obras-primas bem acabadas, como se caídas do céu. Ou, por assim dizer, este livro revela a gênese do gênio literário machadiano. A leitura refinada e sensível de Jaison Luís Crestani demonstra que, no Jornal das Famílias (entre 1863 e 1878), Ma chado de Assis questionou, com muitas armas críticas e dialéticas, o pacto ingênuo da leitura folhetinesca-romântica dominante nas narrativas da época. Esse pacto pressupunha a absoluta credibilidade moral e social do narrador e não podia descartar a s soluções sentimentais/edificantes dos clichês do final feliz, e também da religiosidade (católica), o patriotismo, o respeito pela ordem familiar e patriarcal e, ainda, as tintas da cor local.
Para surpresa de muitos, e quase todos, os contos de Machado publicados naquele edificante Jornal das Famílias (o nome já diz muito...), durante cerca de 15 anos, destoam em muito do padrão e corroem expectativas, bom tom, bom mocismo e a alma cândida bem pensante. São contos que, bem lidos, já revela m em escala razoável, o discurso irônico repassado por inúmeras paródias, com narradores não-confiáveis e mesmo embusteiros ou fraudulentos. Exigem que o leitor se eduque criticamente e se ponha em guarda ante o discurso da autoridade. A autoridade f ala por seus interesses...
As histórias contam inúmeros jogos de interesse, dialogam com leitores para desmascarar os bons sentimentos, injetam excelente antídoto humorístico, expõem ridículos, mesquinharias e ilusões tolas das personagens. Com is so desvanece a versão de que esses contos seriam obra ingênua de um Machadinho (como era então conhecido entre os amigos), principiante, mero aprendiz sem boas armas. Machado, desde muito moço, sabia o que queria e o que pensava da literatura. É de f
Código: |
9788577510368 |
EAN: |
9788577510368 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,30 |
Especificação |
Autor |
Luís, Crestani |
Editora |
NANKIN EDITORIAL |
Ano Edição |
2009 |
Número Edição |
1 |