A imagem usual do vão enquanto estrutura oca e livre é aqui preenchida pelo sentido de vacuidade e banalidade também evocada pelo título do livro, delineando a geografia de um cotidiano desastroso, por vezes inútil, mas ainda assim entreabe rto. No texto escrito para a orelha, Flávia Péret chama atenção para a imagem nada exata que emerge do jogo poético de montagem dos livros, semelhante a uma “paisagem sem figura”, tal qual a imagem de um vão. Nas palavras da autora, […] “Jo ão cria outros sentidos para essa palavra, reafirmando assim o trabalho do poeta como aquele que inventa desvios onde antes existiam usos gastos e ordinários”. O livro, dividido em três partes – dentro, entre e fora –, convida o leitor a re traçar uma singela odisseia poética que tem princípio no âmago íntimo do cotidiano, atravessa o labor da arte poética e desembarca nas margens de um mundo desmesuradamente descentrado, ao qual o poeta tenta ainda se apegar. A reflexão sobre a escrita que ocupa o núcleo do livro parece operar como vaso comunicante entre o mundo do indivíduo e o indivíduo no mundo, propondo um entre-espaço capaz de simbolizar o poder da linguagem em atar (e desfazer) laços e relações. Como umapa ssagem – de ida e volta – entre o dentro e o fora que nos habita. Mas os limites da capacidade desta mesma linguagem em nomear e fixar situações, lugares e afetos são também colocados à prova nestes poemas, pois muitas vezes é também vãonos so esforço de comunicação. Não seria a poesia uma arma para falar do indizível, do impronunciável?
Código: |
9786586729030 |
EAN: |
9786586729030 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
18,00 |
Largura (cm): |
13,00 |
Espessura (cm): |
0,60 |
Especificação |
Autor |
Joao, Tonucci |
Editora |
LEME |
Ano Edição |
2020 |
Número Edição |
1 |