O imigrante é uma pessoa à deriva, em busca de ilhas do capitalismo nas quais possa viver melhor? Não será ele sempre tratado nestas ilhas como o estrangeiro incômodo, o pobre, o escuro, o ignorante, pela mesma cultura colonialista que um dia exploro u os recursos e as gentes da terra de onde veio? O imigrante compreende melhor a sua terra através das distâncias oceânicas da saudade? Explorado num mercado de trabalho que só lhe concede a parte bruta e mal paga do sistema produtivo, não seria melh or estar ele entre a sua gente, que pelo menos não o olha “de fora”? O que ama, o que pensa, o que sublima o imigrante sob o peso do racismo, da xenofobia, da misoginia, em seu exílio, voluntário ou não? Em sua pesquisa de doutoramento no Centro de E studos Sociais da Universidade de Coimbra, Lucas Augusto da Silva fez-se estas e muitas outras perguntas. Tinha por propósito aprofundar-se no discurso dos imigrantes, para trazer à luz seus aspectos históricos, culturais e sociais. Optou, em determi nado momento, por conhecer também aquela face do discurso que talvez esteja menos condicionada pelo aparato repressor das “verdades” fabricadas: a poesia, com seu ímpeto verbal intuitivo, lírico, trágico, transversal. Abriu um edital para poetas imig rantes lusófonos, espalhou panfletos e cartazes em várias cidades de Portugal e acabou amealhando 102 poemas. Em fins de 2019 me procurou, perguntando-me se não queríamos publicar o patchwork poético, que é também um estudo sociológico e um sismógraf o dos profundos movimentos que abalam a alma lusófona. Concordei de imediato. A resposta a todas aquelas perguntas cabe agora ao leitor procurar.
Marcos Pamplona
Código: |
9786586526769 |
EAN: |
9786586526769 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
2,00 |
Especificação |
Autor |
Da, Silva |
Editora |
KOTTER |
Ano Edição |
2021 |
Número Edição |
1 |