Num texto enviado para a Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro e postumamente recolhido no volume Ecos de Paris, Eça de Queirós desenvolve uma curiosa digressão acerca do termo e do conceito de entrevista. O vocábulo (melhor: o verbo) que então se ia impondo era um anglicismo de evidente mau gosto: "Este vocábulo interviewar", escreve Eça, "é horrendo, e tem uma fisionomia tão grosseira, e tão intrusivamente yankee, como o deselegante abuso que exprime." Em vez deste, o grande escritor prefere o termo que hoje trivialmente utilizamos e explica o seu sentido metafórico: "O verbo entrevistar, forjado com o nosso substantivo entrevista, seria mais tolerável, de um tom mais suave e polido. Entrevista de resto é um antigo termo português, um term o técnico de alfaiate, que significa aquele bocado de estofo muito vistoso, ordinariamente escarlate ou amarelo, que surdia por entre os abertos nos velhos gibões golpeados dos séculos XVI e XVII". E quase a terminar a digressão, Eça rende-se ao neol ogismo, sublinhando nele a feição de "um acto em que as opiniões tufam, rebentam para fora, por entre as fendas da natural reserva, em cores efusivas e berrantes."
Código: |
9789724035314 |
EAN: |
9789724035314 |
Peso (kg): |
1,000 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
3,60 |
Especificação |
Editora |
ALMEDINA |
Ano Edição |
2008 |
Número Edição |
1 |