A importância de construir um pensamento crítico sobre a experiência histórica que estamos vivendo, no Brasil e no mundo, originou a publicação, pela editora Numa, do livro NEONAZISMO, UM RISCO ATUAL – Por que? Onde? Como?, uma série de 12 entrevista s* instigantes, concedidas a Eliane Pszczol, socióloga, e Heliete Vaitsman, jornalista. Discursos e práticas violentas, até recentemente inimagináveis, atacam frontalmente o Estado democrático de Direito e são amplificadas por grupos virtuais que dis seminam falsas informações e conclamações ao ódio.
O resgate do nazismo na atualidade apresenta-se com uma face repaginada, mas antissemitismo, racismo, nacionalismo, anticomunismo, misoginia permanecem ideias intocadas. Cada sociedade tem sua man eira de cultuar o ódio e a morte. No Brasil, o crescimento dos movimentos de extrema-direita, fascistas e neonazistas, não aconteceu por acaso. O que existia de forma dissimulada passou a contar com forte apoio financeiro, a ser afirmado aos gritos, sob o falso argumento de liberdade de expressão e por meio de intimidações que remetem aos momentos mais trágicos do século 20.
Sinais de alerta foram acionados desde as primeiras manifestações públicas do governo de Jair Bolsonaro (2018-2022) con tra os Poderes Legislativo e Judiciário. O Brasil o observou elogiando as qualidades de Hitler, deixando-se fotografar com um sósia do Führer, agradecendo o apoio ao seu mandato num site neonazista. Até mesmo um secretário de Cultura reproduziu, em v ídeo oficial, falas e postura copiados de Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista. Essas atitudes, bem como a exaltação às armas e a defesa, por um comunicador popular, do “direito” de ser antissemita não foram meros incidentes.
Para quem se pergunta “Como o nazismo ainda me ameaça?”, as entrevistas do livro são, em seu conjunto, uma ótima resposta, incluindo a conceituação acadêmica. Além de judeus, um cigano, um homossexual, um negro, uma portadora de deficiência física, uma Te stemunha de Jeová têm muito a dizer sobre a exclusão, primeiro, e, em seguida, a morte em escala industrial na Alemanha dos anos 1930. O envio aos campos de extermínio, embora maciçamente voltado aos judeus, abrangeu todos os grupos vítimas da aversã o ao Outro e o propósito de calá-los para sempre.
Os entrevistados do livro são, em ordem alfabética:
ADRIANA DIAS, BENJAMIN TEITELBAUM, BERNARDO SORJ, CARLOS RODRIGO GEVEGOR PINTO, DAVID ALFREDO, LIA VAINER SCHUCMAN, LUIS EDMUNDO DE SOUZA MORAES