Tunga (1952-2016) foi um dos artistas mais originais e influentes do final do século XX. Este livro denso e experimental, com mais de 400 ilustrações e dois ensaios, cobre 40 anos de sua intensa vida como artista, nascido no Brasil, que fez escultura s, desenhos, performances, instaurações e textos, assumindo o papel de instigador de uma situação que ele gostaria de investigar. O livro começa com “TUNGA, ‘As cavernas mais profundas da mente brilham com esplendor’”, uma narrativa, escrita por Cath erine Lampert, baseada em muitas conversas com Tunga, em locais variados, entre 2003-2014. O texto dela é entremeado por referências visuais – postais, fotografias, ilustrações de livros, ao que se seguem, no volume, desenhos esquemáticos que acompan haram seu diálogo. Catherine foi apresentada a Tunga em 1988 pelo famoso crítico Guy Brett, cujo ensaio “Tudo simultaneamente presente” [iniciado em 1989 e revisado em 1997] também integra o livro. O testemunho do artista “Musa: Cola Poética”, de 201 2, publicado na revista Art in America, traduzido agora para o português, completa esta primeira seção. A segunda parte do livro começa com um repertório, ou, como Tunga colocou, “um universo de signos estranhos que eu reagrupo”, e é seguida por um i nventário de obras de arte organizadas em seis capítulos, uma espécie de mapa para o labirinto de ideias e obras. Temos 71 “entradas” sobre obras específicas, cada uma delas com imagens – sendo algumas inéditas –, ficha técnica, um histórico de expos ições e mitos a elas associados que são apresentados pelo artista. As entradas foram uma colaboração entre Catherine, Tunga, seu assistente Fernando Sant’Anna e a organizadora do livro, Tatiana Grinberg, assim como a editora-assistente Juliet Attwate r. Era o desejo de Tunga que essa monografia fosse disponibilizada amplamente, e sua visão foi respeitada e intensificada quando o renomado editor Charles Cosac, um amigo do artista, se envolveu na publicação em 2008. Portanto, o resultado, com proje to visual e layout definitivo de Sônia Barreto, tornou-se uma espécie de manual para os pensamentos, voz e imaginário de Tunga, que acreditava na colaboração (como o fez com músicos, bailarinos, cineastas e outros artistas durante a sua vida). Cather ine Lampert é curadora e historiadora da arte, tendo exibido a obra de Tunga em 1989 na Whitechapel Gallery, em Londres, quando era diretora da instituição.