Este número traz a seção especial “9 perguntas para o Brasil de hoje”, na qual nove intelectuais refletem sobre questões cruciais no país, da proliferação da violência ao silêncio dos escritores diante do autoritarismo.
A psicanalista Maria Rita Kehl analisa as origens do ressentimento que aflora na política. Baseada em sua experiência, a escritora Lola Aronovich trata da disseminação dos discursos de ódio na internet. Adilson José Moreira escreve sobre o humor racista, enquanto o escritor João Silvério Trevisan analisa as ameaças aos direitos LGBTQ. Aparecida Vilaça, por sua vez, trata da perseguição aos grupos indígenas.
Ainda nesta seção, o sociólogo Ricardo Antunes reflete sobre a história dos direitos trabalhistas no país. Luiz Eduardo Soares trata do incentivo ao armamento da população. Juliana Borges discute o encarceramento em massa. O romancista Milton Hatoum reflete sobre o papel do escritor em tempos de opressão.
Esta edição traz também um trecho do novo livro do filósofo francês Georges Didi-Huberman, Desejar desobedecer, inédito no Brasil. O intelectual trata dos sentimentos de revolta que provocaram levantes populares no passado e no presente, comparando-os aos movimentos do oceano. “A história é um mar: forma de dizer que, nela, a agitação nunca tem fim. Ou melhor, que ela é, incessantemente, agitação”, escreve.
Outro destaque é o ensaio da escritora jamaicana Claudia Rankine, radicada nos EUA. Autora do premiado livro de poemas-ensaios Cidadã, ela narra neste texto suas tentativas de questionar homens brancos sobre seus privilégios. “Imaginei a mim mesma – uma mulher negra de meia-idade – caminhando em direção a estranhos e fazendo tal pergunta. Será que reagiriam como o capitão de polícia em Plainfield, no estado de Indiana, quando sua colega, durante um treinamento de diversidade, disse que ele se beneficiava do ‘privilégio do homem branco’? Ele ficou furioso e a acusou de cometer calúnia racial. Eu também seria acusada?”
As reações às demandas identitárias também são abordadas por Lucía Lijtmaer, no livro Ofendidinhos, que a serrote publica na íntegra. A escritora argentina, radicada na Espanha, trata da criminalização e perseguição de militantes ao redor do mundo. Segundo ela, ao desqualificarem movimentos sociais e identitários como simples queixa ou mimimi, os conservadores demonizam o protesto e colaboram para o avanço do obscurantismo e do fascismo.
A serrote #33 publica também uma seleção da correspondência entre os filósofos alemães Hannah Arendt e Gershom Scholem. Nas cartas, de 1963, eles discutem as teses defendidas por Arendt no clássico Eichmann em Jerusalém, principalmente sua teoria sobre a “banalidade do mal”. O debate acalorado viria a provocar o rompimento dos dois.
Este número traz ainda “Uma visita a Montaigne”, uma passagem dos diários de Virginia Woolf. A escritora inglesa descreve a viagem que ela e o marido fizeram ao interior da França, em 1931, para conhecer a torre onde viveu e trabalhou o filósofo Michel de Montaigne, considerado o inventor do ensaio.
Episódio central na história brasileira, a Guerra de Canudos é o tema de dois ensaios da revista. Hélio de Seixas Guimarães, professor de literatura, escreve sobre como Machado de Assis e Olavo Bilac expressaram visões distintas sobre o conflito antes da publicação de Os sertões. Já o pesquisador Carlos Augusto Calil examina o choque de Euclides da Cunha diante do massacre promovido pelo governo contra os sertanejos.
A serrote #33 também publica um ensaio visual da artista Vânia Mignone, além de trabalhos de Antonio Obá, que assina a ilustração da capa, Eva Hesse, Fabrício Lopez, Mel Bochner e Robert Longo.
Código: |
9788560167135 |
EAN: |
9788560167135 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
24,00 |
Largura (cm): |
18,00 |
Espessura (cm): |
1,80 |
Especificação |
Autor |
VARIOS |
Editora |
INSTITUTO MOREIRA SALLES |