“Em um nível Google do conhecimento humano, descubro que um dos possíveis significados do nome Lídia -gentílico dos habitantes da Lydia, antiga região da Ásia Menor-, é ‘aquela que sente dores de parto’. Verdade etimológica ou não, é esta a mais-que- perfeita tradução da autora destas lascas.
A personagem, de pijama, na cozinha, “… prepara o ritual: de duas em duas rasga as folhas,
Em seguida é o momento da distribuição: lixo do banheiro grande: vergonha. ‘Não sei escrever nada decente’. Lixo reciclável da lavandeira: raiva. ‘Que merda!’ Cinco passos e o lixo do banheiro pequeno: medo. ‘Se fosse eu tentaria procurar as partes desses papéis!’. Acabou…”
Autocrítica implacável, sísifa praticante -desde sempre se esmerando na ocultaç ão de sua produção escrita- eis que, neste momento, Lídia lasca sua pedra de auto rejeitados e adentra o paleolítico de sua produção.
Os artefatos que modela não são de fácil empunhadura. São lascas de uma sofisticada fórmula lógica aplicadas à p aixão. Há artefatos cifrados. Lídia nada o mar revolto da angústia, na madrugada de espera. Aqui e ali, artefatos de mesóclises, lindo isso! Lascas de insônia, em que mães são presenças sempre em excesso.
Observadora irrecuperável, segue essa mulh er sem nome e sem rosto a tramar vinganças em meio a angústias gramaticais, no desejo de se inscrever no corpo do amante, em caminhadas rituais por botecos e salas de aula. Sobretudo, no cara a cara com a solidão.
A vida bem poderia ser um simple s e bom seminário acadêmico.
Já que não é, Lídia não se furta a parir em dores, mas nunca se entrega.
Sorte a nossa, voyeurs que somos. sermos chamados a espiar o seu labor. “
Etel Frota
Código: |
9786580103096 |
EAN: |
9786580103096 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
15,00 |
Espessura (cm): |
1,00 |
Especificação |
Autor |
LÍDIA, DOMINGUES |
Editora |
KOTTER |
Ano Edição |
2019 |
Número Edição |
1 |