Se recordarmos A sereia e o desconfiado (1965), de R. Schwarz, Por que literatura (1966), de L. Costa Lima, e O dorso do tigre (1970), de Benedito Nunes, e em seguida pensarmos no desenvolvimento espantoso que esses autores deram às suas obras, que p odemos esperar de um autor que, aos 29 anos, nos apresenta este Angústia da concisão (selo Escrituras)? Numa linguagem acessível e vigorosa, Abrahão Costa Andrade nos convida a uma releitura atenta e saborosa de escritores como Borges e Dostoievski, mas também de filósofos como Heidegger e Schiller, além de autores brasileiros pouco conhecidos ou explorados pela crítica, sempre nos incitando a pensar nossa própria tradição intelectual. Seu ensaio sobre Rubens Rodrigues Torres Filho, que dá títul o ao livro, mostra como o poeta constrói sua poesia sob a tensão entre a vontade de expor certa experiência vivida e a necessidade (imposta pela poética da modernidade) de conter a linguagem numa economia de meios que, no entanto, não cria outro obst áculo àquela experiência, a não ser a ironia. A isto nosso autor chama “angústia da concisão”. Há, nos ensaios de Abrahão Andrade, uma presença forte de seu aprendizado “uspiano”, aquele “rigor da indisciplina” tão próprio de um Bento Prado Jr. Mas e xiste algo essencial que o distingue deste último: a mesma “angústia” que ele atribui à poética de Torres Filho pois também seus ensaios se enraízam profundamente num conjunto de experiências vividas dificilmente caladas ao longo de suas finas análi ses. O leitor de "Angústia da concisão" só sentirá uma única angústia, a de o livro terminar antes de sua vontade de continuar a lê-lo, a de o livro ter sido tão... conciso.
Código: |
9788575310687 |
EAN: |
9788575310687 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
18,00 |
Largura (cm): |
12,00 |
Espessura (cm): |
0,90 |
Especificação |
Autor |
Andrade, Abrahão Costa |
Editora |
ESCRITURAS |
Ano Edição |
2003 |
Número Edição |
1 |