Se eu devesse classificar este livro de Cláudio Moreno, diria enfaticamente: É um livro delicioso! Seduz na primeira página, abre janelas novas sobre realidades que a gente vinha banalizando e, por isso mesmo, transforma a nossa visão. É uma leitura que melhora nossa perspectiva, nos deixa mais alegres, mais alimentados intelectualmente e emocionalmente confortados. Nesta hora de violência e medo, imprevisto e susto, insegurança e perplexidade, o rio que nos chega da longínqua Grécia não é alien ante mas integrador. Ele nos coloca num mundo que não passou nem vai acabar, porque tem algo de universal e mais que isso: atemporal. É o mundo dos significados que se erguem acima do raso e do reles, vão além do frívolo e do banalizado, sem por isso ficarem fora do nosso alcance de simples mortais. Com sua prática de professor, sua sabedoria de erudito e sua simplicidade de ser humano que está acima das vaidades acadêmicas ou competições literárias, Moreno nos leva a passear por uma alameda de significados que já eram nossos, nos pertenciam, faziam parte de nossa vida como as pedras da calçada ou as árvores da praça – mas a gente nem sabia. Nossa cultura, ou a maior parte dela – cultura significando não apenas o que está em livro, universi dade ou banco de escola, mas no ar que respiramos, na língua que falamos, no modo como vivemos –, vem da velha Grécia, como o rio mencionado no título desta obra. Concretamente estamos embarcados nele, navegamos nessas águas. Moreno nos aponta, aqui e ali, pedras, peixes, plantas, indica o rumo dos ventos e o aroma da brisa. São histórias que dão sentido a termos, personagens, que encontramos em comentários diversos, em literatura, em filme, tevê, até em conversa de amigos, mas ficamos no ar sem saber ao certo o que representam. De repente, nas páginas deste livro, estão ao nosso alcance: divertidos ou trágicos, sempre tão humanos quanto nós, de carne e osso. Lugares que pareciam mágicos são reais. Acontecimentos que imaginávamos fantasioso s ocorreram, com vozes, cheiros, ruídos, sangue e pranto. Gente que andou, viveu, amou, morreu – como nós. E nos deixou seu legado de riqueza psíquica e emocional nestas breves histórias, crônicas ou seja lá o nome que a gente queira lhes dar: comove ntes, ilustrativas, brilhantes, ternas, abrindo portas e janelas de um lado, atiçando nossa inquietação de outro, satisfazendo nossa curiosidade. Cada página é um presente desse mestre, desse amigo, desse modestíssimo e simpático sábio que é Cláudi