Se para Virgínia Woolf a criação literária feminina pressupõe um quarto isolado, apartado desses barulhos, com uma renda fixa mensal, que cuidaria da sobrevivência da autora, em Sozinha é o dobro, esse quarto ideal e essa criação artística apartada d a realidade são implodidos.
Não existe um quarto para as mulheres escreverem. Nem uma renda fixa. Carolina de Jesus mostrou que a literatura contemporânea está no quarto de despejo, na rua, na miséria – nesses mil sons que fazem o cotidiano de tod os nós. As vísceras e entranhas femininas estão expostas. Assim como os sonhos e desejos.
Patrícia Berton não tem 500 libras para apenas escrever ficção, e também não está desesperada e com fome, como Carolina de Jesus. Ela escreve naquele lugar med iano, dos dias cinzas, do tédio, da aparente banalidade.
No livro fica claro que os quartos ideais ficaram para os autores em torres de marfim, lidos pelos críticos, e que aprecem em revistas literárias bem comportadas.O resto de nós chafurda na lam a e não consegue parar nunca de ouvir as próprias entranhas.
Joana Monteleone
Código: |
9788579396069 |
EAN: |
9788579396069 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
2,00 |
Especificação |
Autor |
Patrícia, Berton |
Editora |
ALAMEDA |
Ano Edição |
2019 |
Número Edição |
1 |