Entre 2016 e 2024, período de turbulência política, social e econômica não só no Brasil, mas no mundo todo, Tiago Ferro escreveu uma série de textos que perpassam o horror e a distopia contemporânea. Prisão perpétua traz ao leitor 27 escritos que vão de ensaios e intervenções a resenhas e experimentações ficcionais.
O texto que dá título ao livro é uma reflexão sobre sua chegada a Princeton, Estados Unidos, cidade que o autor passou um ano com sua família por conta de uma bolsa de estudos. A experiência do olhar estrangeiro e periférico perpassa outras passagens da obra. O alcance e o fortalecimento da extrema direita no Brasil e no mundo, a precariedade da vida e do trabalho e o aprofundamento da economia neoliberal são também assuntos recorrentes.
Os livros, a música e outras manifestações culturais marcam parte da obra. Ferro passa pela produção de nomes como Chico Buarque, Bob Dylan, Fernando Pessoa, Roberto Schwarz e Judith Butler e os relaciona a temas contemporâneos. “Estamos diante de uma forma curiosamente outra, que faz da atomização característica de nosso tempo um método de aproximação com a realidade, emprestando elementos da reflexão subjetiva à reflexão objetiva, nem sempre nessa ordem. Dessa outra form a surgem o risco e o desnível de impressões que funcionam como força ordenadora de textos mais longos, como também explodem pequenos fragmentos herméticos, capazes de exigir do leitor tanto a referência teórica quanto a vivida, para o complemento dos recortes”, escreve Nathalia Colli no posfácio.
Trecho
“Mass shooting não tem tradução. A chacina brasileira tem contexto diferente. Mas, se olharmos uma experiência através da outra, talvez as questões se tornem mais complexas. Se no Brasil a s chacinas são colocadas na conta da desigualdade social e do aparato repressivo do Estado, nos Estados Unidos os mass shootings são casos de saúde mental individualizados e, para parte do país, também um problema relacionado ao fácil acesso a armas. Mas então por que nos dois primeiros mandatos de governo Lula as taxas de homicídio não foram bruscamente reduzidas, acompanhando a diminuição da pobreza e a emergência de movimentos sociais organizados em torno de reparações históricas e empoderame nto? E por que aqui, onde a medicalização da sociedade e o aparato de vigilância são cada vez mais presentes e sofisticados, o número de episódios aumenta? Não há respostas fáceis. Mas a aposta, por um lado na patologia e por outro na falha do Estado
| Código: |
9786557174371 |
| EAN: |
9786557174371 |
| Peso (kg): |
0,000 |
| Altura (cm): |
21,00 |
| Largura (cm): |
14,00 |
| Espessura (cm): |
2,00 |
| Especificação |
| Autor |
Tiago, Erro |
| Editora |
BOITEMPO |
| Ano Edição |
2025 |
| Número Edição |
1 |