Frágil. Cuidado. Bruto. Peso. Conteúdo. Produto. Pisar. Esses são fragmentos das narrativas de Benjamina, que evocam marcas do nosso tempo em sua desesperada dureza. De caixas de papelão usadas – lixo para a maioria das pessoas, mas trabalho e sobrev ivência para outras – Nelson Cruz resgata imagens e palavras e com elas faz poesia, transformando pesos brutos em alguma delicadeza, fragilidade em possibilidades e produtos em convites. No suporte do papelão e com informações que descrevem e orienta m o transporte, empilhamento e guarda de produtos os mais diversos, o artista faz seu luto por paisagens que já não existem em muitas de nossas cidades e vão se tornando imperceptivelmente ausentes dos nossos corações. Os tocos retorcidos que restara m das árvores cortadas de uma avenida em Belo Horizonte são reinventados em pinturas que se sobrepõem a instruções sobre sabão, água sanitária, pó de café e embutidos, despertando dor e revolta pela vida interditada, sombras perdidas, ar que não será respirado e beleza que não será vista. Benjamina poderia ser lido como desesperança, mas o simples fato de ter sido criado e nos chegar como livro configura resistência, diferente dos momentos em que ocupamos as ruas e entoamos nossas exigências por vidas e tempos mais justos para todas as pessoas, tão urgentes em nosso país. A beleza e a força incômodas das imagens e palavras que o autor arranca do comezinho e recria em poemas são uma recusa às coisas como elas são e afirmação de um intransige nte compromisso com construções – artísticas, políticas, sociais – de como poderiam ser.
Fabíola Farias
Código: |
9788574422008 |
EAN: |
9788574422008 |
Peso (kg): |
1,000 |
Altura (cm): |
25,00 |
Largura (cm): |
25,05 |
Espessura (cm): |
10,00 |
Especificação |
Autor |
NELSON, CRUZ |
Editora |
MIGUILIM |
Ano Edição |
2019 |
Número Edição |
1 |