Centros urbanos, ocupações, movimentos de moradia são elementos que conformam uma constelação de disputas e embates por territórios e modos de habitar. Esse livro se dedica a essas disputas.
Além do interesse que o objeto de pesquisa suscita, é pr eciso mencionar o modo como essas informações foram reunidas e cuidadosamente analisadas. Adriana Fernandes realizou uma imersão de natureza etnográfica no universo das ocupações de edifícios no Rio de Janeiro. Entrou em contato com moradores e morad oras, se envolveu nas formas de apoio aos movimentos, escutou – essa palavra preciosa já que dá título ao livro – as pessoas em seus percursos de trabalho e em suas trajetórias urbanas.
Seu próprio percurso também é alvo de cuidadoso reexame, já q ue seu lugar em campo permanece como eixo de reflexão tanto no início como ao longo dos capítulos.
Essa etnografia, narrada vividamente, foi produzida com uma enorme sensibilidade que, ao longo dos capítulos, se articula e se ilumina por um contra ponto e uma complementariedade incessante com um trabalho teórico e conceitual primoroso.
Nessa rara junção entre rigor, sensibilidade e escuta, Adriana Fernandes nos permite compreender o que afinal significam as cores e os tons de uma cidade que se mostra na sua heterogeneidade, na sua desigualdade flagrante e nas lutas de todo dia pelo direito de morar e de viver.
Cibele S. Rizek
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“Por não ter se preservado dos impactos das situações ao viver e acompanhar os moradores das ocupações, e também por escolhas teóricas que a afastaram de qualquer dedução da ordem das causalidades e de suas generalizações, o trabalho etnográfico de Adriana Fernandes é maravilhosamente raro. E é gostoso de ler.
(…). Criou um eq uilíbrio fino entre descrições, ao mesmo tempo próximas e bem-humoradas, às vezes exasperadas, indignadas, desanimadas diante das situações que compartilhou (…). Como entender as formas de viração que incluem ameaças de morte, desfechos trágicos e im previstos, sentimentos de perda e de abandono que não excluem o riso e a ironia cética diante das lentes da comiseração das pessoas e/ou agentes do estado que querem “salvá-los”? (…) Adriana nos leva a perceber como se vive um embate subterrâneo aos enquadramentos em regimes diversos de aprisionamentos identitários. Não é preciso afirmar a dignidade. Esta conforma e existe em cada um, ponto.”
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Adriana Fernandes é antropóloga com doutorado e pós-doutorado no PPCIS/UERJ
Código: |
9786586081213 |
EAN: |
9786586081213 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
2,00 |
Especificação |
Autor |
Adriana, Fernandes |
Editora |
ALAMEDA |
Ano Edição |
2020 |
Número Edição |
1 |