Em Flutua sobre as ruínas, flutua, Omar Salomão oferece um registro fascinante dos pensamentos que sustentam sua criação a partir do que chama de “tentativas de ensaios”. Apontando o acaso como elemento central de seu trabalho, o leitor é guiado por uma jornada subjetiva em meio a fragmentos de textos e memórias ao longo das quais o autor tece uma investigação composta por três casos que se equilibram no limiar do plástico e do poético: as monotipias da artista brasileira de origem suíça Mira Sc hendel (1919-1988), o alagoano Edgar Barbosa (1897-1985) com seus poemas gráficos e visuais e Waly Salomão (1943-2003) borrando letra, linha e a si com seus Babilaques. “A criação se faz e gera indícios, vestígios, pistas, traços, espectros, sombras, reverberações, sobras, resíduos”, afirma o autor. Nessa escrita de costuras, Omar desmonta as estruturas de seu texto para buscar (e revelar) funcionamentos e formas ocultas do próprio processo criativo e da arte.
“Omar pensa a construção do poem a sobre ruínas, como resultado de acumulação, um texto em que as estruturas estão abertas. A dimensão gráfica do texto, que não é decorativa, compõe um ‘livro como objeto’, ‘a palavra como imagem’. Está presente o poeta em sua atividade combinatória e alquímica.” – Rosa Maria Dias, professora do departamento de Filosofia da UERJ.
Sobre o autor:
Omar Salomão nasceu no Rio de Janeiro em 1983. É artista, poeta, designer e cenógrafo. Mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC -Rio, atualmente faz doutorado em Romance Languages and Literatures com secondary field em Critical Media Practice pela Harvard University. É autor de, entre outros, Pequenos Reparos (José Olympio, 2017) e Impreciso (Dantes, 2011). Participou de expo sições como a 3ª Bienal de Arte da Bahia e 18º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil, além de individuais como Você vê os pássaros? Sempre quis que você visse os pássaros daqui (Silvia Cintra + box4, RJ, 2017), Nebula: A sombr a das nuvens manchando a cidade (Oi Futuro Ipanema, RJ, 2015), Influxo (Superfície, SP, 2015) e Turbulências são apenas nuvens no caminho (Mercedes Viegas, RJ, 2011), entre outras. Foi curador com Heloisa Buarque de Holanda e Bruna Beber da exposição BLOOKS (Oi Futuro, RJ, 2007) e com Anna Dantes de A Biblioteca de Grifos de Waly Salomão (Biblioteca Parque Estadual, RJ, 2014)