A metáfora do canibalismo — em especial sua versão forjada pelo movimento modernista brasileiro, a antropofagia — é a plataforma de decolagem que Zita Nunes elegeu para abordar a formação das identidades nacionais e raciais nas Américas. Nesta anális e inovadora e precisa, a especialista em literatura comparada pela Universidade da Califórnia dá mais uma volta no parafuso ao evidenciar a necessidade de uma releitura crítica da gênese do próprio conceito popularizado por Oswald de Andrade. Segundo ela, a ideia de deglutição da cultura europeia para a formação de uma cultura brasileira excluiu da equação justamente a matéria da qual o livro se ocupa. Por meio da imagem do “resíduo”, nos damos conta de questões que não foram contempladas no deb ate inaugural. A partir da produção artística e ensaística brasileira e norte-americana, Nunes nos guia nesta jornada que ilumina aspectos fundamentais e problemáticos, como o mito da democracia racial. Mais do que isso, o que é posto em xeque é a pr ópria visão que prevaleceu até o início do nosso século sobre negritude, miscigenação e identidade. A aproximação entre a antropofagia canônica de Anita Malfatti, Paulo Prado e Tarsila do Amaral e outras manifestações afro-diaspóricas brasileiras e n orte-americanas — como alguns textos do Renascimento do Harlem, as ideias de Toni Morrison e W. E. B. Du Bois —, além de certa produção ficcional latino-americana e caribenha, incorpora nesse debate o resíduo, esse espectro que assombra a ideia de co nciliação e mina as ideologias de democracia que defendem ter solucionado o problema racial.
Código: |
9786560000209 |
EAN: |
9786560000209 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
20,00 |
Largura (cm): |
13,50 |
Espessura (cm): |
3,00 |
Especificação |
Autor |
Nunes, Zita |
Editora |
FOSFORO |
Ano Edição |
2024 |
Número Edição |
1 |