“Çeiva” refunda o alfabeto que é todo apresentado como espetáculo barroco de sonoridades, o grafema e seu(s) som(ns) numa sinfonia dionisíaca que é o resultado da vida criada pelo encontro do pensamento do poeta com a terra da linguagem. Aqui, o esta do bruto da fala, atravessada por uma vertigem sonora nos captura para a selva dos sentidos. Disrupções no corpo das palavras, abalo sísmico que fissura as sílabas pelas artes do trovão de um deus tupã que dos céus desta cosmologia nos olha a nós, ma cunaímas, ímãs de significados tatuados em nossos corpos febris. O poema emerge em “Çeiva” como âncora do sentido: a língua, assim como a terra, é materna e a palavra é feminina em sua permanente esquiva, sua face lunar oculta prenhe de significados que podemos apenas intuir, nunca apreender no todo. A çeiva é
da ordem do feminino, as águas, as águas infindas da terra brasilis – o som das águas é som da palavra, o som da seiva por dentro das plantas é o som da palavra, o crepitar da chama é o s om da palavra, o baque das pedras no solo é o som da palavra, o vento das folhas é o som da palavra, numa permanente mímesis que infunde o tecido da poesia de Djami Sezostre. Assim, o poema nasce como uma flor percorrida por esta seiva sonora que nos dá o poeta.
Nuno Rau
Código: |
9786580103287 |
EAN: |
9786580103287 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
21,00 |
Largura (cm): |
15,00 |
Espessura (cm): |
1,00 |
Especificação |
Autor |
DJAMI, SEZOSTRE |
Editora |
KOTTER |
Ano Edição |
2019 |
Número Edição |
1 |