A Voz dos Mortos Cada uma destas dezessete composições é um epitáfio composto. O conjunto transcende o memorial familiar e irradia uma potente tensão lírica. Em Os Mortos, Paulo Franchetti dialoga com seus antepassados. Os defuntos revelam as própri as falhas e as marcas que suas vidas deixaram sem dissimulação, enquanto o poeta responde com empatia, uma ternura que, embora exclua a condenação, não exclui o julgamento. A poesia é lapidar, despojada de ornamento retórico. Ao manter a gravidade qu e o contexto impõe, cria uma dicção única, ao mesmo tempo coloquial e solene. Efeito raro esse. Gera uma espécie de oralidade espectral, onde a fala de uma família brasileira descendente de árabes e italianos ressoa o Eclesiastes. Dar voz aos mortos é lugar-comum literário. Bem distinto é dar vida à voz dos mortos. Obra de maturidade, escrita por força de um impulso inevitável, esta série é uma meditação sobre a permanência da perda. Nela, Paulo retrata não somente os seus, claro está, mas a con dição humana. Por outro lado, não é demais mencionar que as figuras do álbum – tendo ou não existido – são o poeta. Viveriam apenas nele, não fosse o verso. É um exorcismo da ausência, o que a poesia realiza aqui. Mas sem remissão, intuo. A arte, mes mo a maior, pode muito, mas não redime. [Thomaz Albornoz Neves] Acompanha cartão-postal
| Código: |
9786555801828 |
| EAN: |
9786555801828 |
| Peso (kg): |
0,000 |
| Altura (cm): |
18,00 |
| Largura (cm): |
12,00 |
| Espessura (cm): |
0,40 |
| Especificação |
| Autor |
Ranchetti, Paulo |
| Editora |
ATELIE |
| Ano Edição |
2025 |
| Número Edição |
1 |