Uma menina e seu assassino diante de uma vitrine, uma silhueta negra descendo uma escadaria, a saia rasgada de uma camponesa, uma mulher que se arrisca diante do perigo: essas imagens - que têm a assinatura de Lang ou Murnau, Eisenstein ou Rossellini - são ícones do cinema e camuflam seus paradoxos. Uma arte é sempre também uma ideia e um sonho de arte. A filosofia já havia concebido a identidade da vontade artística e do olhar impassível das coisas, e o romance e o teatro o haviam tentado à sua maneira. Contudo, o cinema só corresponde a essa expectativa ao preço de contradizê-la. Nos anos 1920, ele era visto como a nova linguagem das ideias tornadas sensíveis, a qual revogava a velha arte das histórias e dos personagens. Mas o cinema iria também restaurar as intrigas, os tipos e os gêneros que a literatura e a pintura tinham estilhaçado. Jacques Rancière analisa as formas desse conflito entre duas poéticas que é a alma do cinema. Entre o sonho de Jean Epstein e a enciclopédia desencantada de Jean-Luc Godard, entre o adeus ao teatro e o encontro com a televisão, seguindo James Stewart no Oeste ou Gilles Deleuze no país dos conceitos, ele mostra como a fábula cinematográfica é sempre uma fábula contrariada. Assim também ela atenua as fronteiras do documento e da ficção. Sonho do século XIX, ela nos conta a história do século XX.
Código: |
9788530809898 |
EAN: |
9788530809898 |
Peso (kg): |
0,000 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
16,00 |
Espessura (cm): |
1,10 |
Especificação |
Autor |
Rancière, Jacques |
Editora |
PAPIRUS |
Ano Edição |
2013 |
Número Edição |
1 |